segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ECOLOGIA INTERNA

Machados... serras elétricas... cortando...
tratores roncando... massacre no Ventre Sagrado
da Mãe que me sustenta...
e no meu estômago... a FOME!

Arpões assassinos... caça predatória...
petróleo derramado... poluição...mancha escura...
pegajosa, cobrindo as água do mar!
Face encovada, boca sem dentes
sorriso sem forças... sem graça...
corpo inchado... estou perdendo água...
é a FOME!

Solo Nordestino... agreste...gretado...
seco... sem sementes...
minha vida perde o rumo, o prumo,
submerso me afogo na poeira...
não possuo eira nem beira...
sinto tanta FOME!

Lixo, caco de vidro:
Senhor DEZ MIL ANOS!
Dez vezes cinqüenta, DOUTOR ALUMINIO,
Aquela panela que nada cozinha
Por quê?... só há FOME!

Dura cinco mil e quatrocentos meses,
Sem saber porquê...
sacola de plástico, coberta de letras...
vazia, sem feira...
Por quê só há FOME?

Inútil carcaça, relógio de aço
que é bagaço só...
parece mentira, um século se passa
a FOME, qual traça, rói o nó dos ossos,
e ele ali, sem marcar as horas
que faltam pra vida ao pó retornar!

Chiclete mascado, sem cor nem sabor
vive cinco anos... meu filho, porém
morreu ao nascer...
de FOME, coitado...
e foi enterrado em vala comum...
pagar cemitério, com o quê meu senhor?

Papel/papelão, não o que nos fez o seu colarinho...
vive muito mais: vinte e oito dias,
e quem diria, poluindo, destruindo, apoiando
e fomentando a FOME...
Dos Sem Paletó!


(De... Adda-nari Sussuarana/Eu)